A GÊNESE NEOLIBERAL DA IFAC: PROFISSIONALIZAÇÃO, LEGITIMIDADE E MEMÓRIA INSTITUCIONAL
Nome: BRISCIA OLIVEIRA PRATES RIGONI
Data de publicação: 29/09/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| ANGELICA DE VASCONCELOS SILVA SCHRODER | Coorientador |
| DANIEL PEREIRA ANDRADE | Examinador Externo |
| ELOISIO MOULIN DE SOUZA | Examinador Interno |
| GUSTAVO MELO SILVA | Examinador Externo |
| RAFAEL DE LACERDA MOREIRA | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: Este trabalho partiu da inquietação de como os processos históricos, as redes de atores e os
discursos mobilizados nos anos que antecederam 1977 contribuíram para a criação da
International Federation of Accountants (IFAC) como expressão de uma nova racionalidade
neoliberal no campo contábil internacional. Na tentativa de responder a esse questionamento,
objetivou identificar como as origens da formação da IFAC estão associadas à disseminação do
neoliberalismo nas instituições contábeis. O debate foi ancorado na discussão teórica sobre: o
neoliberalismo e suas origens, a partir da ótica de Peck (2010) e Slobodian (2021); as teorias
da profissionalização, interpretadas como projetos estratégicos de mobilização coletiva,
conforme Larson (1977), Macdonald (1984, 1995), Walker (1991, 1995, 2004); e sobre como
a história é produzida e a memória institucional construída a partir do exercício de poder que
silencia os conflitos, à luz da discussão de Trouillot (1995). A abordagem metodológica
utilizada ancorou-se na epistemologia da Nouvelle Histoire (Bloch, 2002; Burke, 2012), com o
objetivo de produzir uma contranarrativa sobre a gênese da IFAC. Para tanto, valeu-se dos
conceitos da micro-história para analisar as conexões existentes entre os indivíduos daquele
ambiente, as relações de poder presentes e como todos esses elementos se articularam
concretamente, buscando revelar as tensões e contradições do processo de governança contábil
global, frequentemente ocultadas por uma narrativa neutra e tecnicista. Os resultados revelaram
os conflitos de interesse que permearam a formação dessa organização, bem como a presença
de interesses privados, principalmente das grandes firmas de auditoria, que capturaram o espaço
normativo da contabilidade para produzir um consenso favorável a seus próprios objetivos.
Desse modo, foi possível demonstrar como a criação da IFAC foi produto da racionalidade
neoliberal, a qual, por meio dessa instituição, buscou converter as normativas da contabilidade
aos interesses do mercado internacional. Também se evidenciou como essa racionalidade foi
reproduzida de forma acrítica por uma narrativa histórica que silenciou assimetrias e jogos de
interesses, disseminando o processo como apolítico, neutro e técnico, inclusive atribuindo essas
características à própria contabilidade. Assim, demonstrou-se como a crítica histórica pode
desmascarar o que parece natural e universal, revelando como certas instituições se tornam
centros de poder por meio do silenciamento de alternativas e das relações assimétricas que
organizam a sociedade na atualidade.
