EFEITO DAS PRÁTICAS ESG NO DESEMPENHO FINANCEIRO COM A MODERAÇÃO DA RESTRIÇÃO FINANCEIRA NOS PAÍSES DO BRICS
Nome: MAIELE BASTOS DE VARGAS
Data de publicação: 11/03/2025
Banca:
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Papel |
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DONIZETE REINA | Presidente |
ELIZEU MARIA JUNIOR | Examinador Interno |
SIRLEI LEMES | Examinador Externo |
Resumo: As práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) têm se tornado cada vez mais
relevantes na gestão empresarial e na tomada de decisões de investidores. No entanto, a
relação entre ESG e desempenho financeiro ainda gera debates na literatura,
especialmente em empresas de mercados emergentes, onde as restrições financeiras
podem influenciar a capacidade das empresas de implementar iniciativas sustentáveis.
Diante desse contexto, este estudo investiga a moderação da restrição financeira (RF) na
relação com o desempenho ESG no desempenho financeiro das empresas, considerando
empresas dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Para
alcançar esse objetivo, foram estimados modelos de regressão com efeitos fixos,
utilizando como variáveis dependentes o retorno sobre ativos (ROA) e o Q de Tobin (QT)
como proxies de desempenho financeiro. Como medidas de restrição financeira, foram
adotados os índices KZ (Kaplan-Zingales), WW (Whited-Wu) e SA (Size-Age Index).
Além da análise do ESG agregado, as dimensões ambiental (E), social (S) e governança
(G) foram testadas separadamente, permitindo uma investigação mais detalhada dos
efeitos individuais de cada pilar ESG. Os resultados indicam que o ESG tem um impacto
positivo e significativo sobre a rentabilidade operacional das empresas (ROA), mas seu
efeito sobre a valorização de mercado (QT) é menos evidente e, em alguns casos,
negativo. Esse achado sugere que, enquanto práticas ESG podem impulsionar eficiência
e inovação, o mercado pode não reconhecer imediatamente seus benefícios financeiros.
Além disso, empresas com maiores restrições financeiras tendem a apresentar menor
rentabilidade operacional, reforçando a hipótese de que dificuldades no acesso ao
financiamento podem limitar a capacidade das empresas de obter ganhos diretos com
ESG. A moderação das restrições financeiras revela que, para empresas altamente
restritas, o impacto positivo do ESG pode ser reduzido, especialmente quando há
limitação de recursos para investimentos sustentáveis. Ao analisar os resultados por país,
verificou-se que o impacto do ESG e das restrições financeiras varia conforme o contexto
econômico e regulatório de cada país do BRICS. Índia e China apresentaram os efeitos
mais expressivos do ESG sobre o desempenho financeiro, enquanto Brasil e Rússia
tiveram impactos positivos mais moderados. Na África do Sul, o ESG mostrou maior
influência sobre a valorização de mercado, sugerindo que investidores sul-africanos
podem reconhecer melhor os benefícios dessas práticas. Os achados deste estudo
reforçam a necessidade de considerar restrições financeiras como um fator determinante
na eficácia das práticas ESG, especialmente em mercados emergentes. Ademais, os
resultados indicam que o impacto do ESG sobre o valor de mercado pode depender do
horizonte temporal necessário para que esses investimentos gerem retornos perceptíveis.
Assim, este estudo contribui para a literatura ao fornecer evidências empíricas sobre o
papel da restrição financeira na relação entre ESG e desempenho financeiro, oferecendo
implicações tanto para gestores quanto para formuladores de políticas e investidores que
buscam avaliar o real impacto das práticas ESG no contexto corporativo.