A OPINIÃO DO AUDITOR IMPORTA? UM ESTUDO EXPERIMENTAL SOBRE O IMPACTO NA DECISÃO DOS INVESTIDORES NÃO INSTITUCIONAIS

Nome: DEBORA VIEIRA MIRANDA

Data de publicação: 29/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
VAGNER ANTONIO MARQUES Orientador

Resumo: A presente pesquisa teve o propósito de verificar o impacto da opinião modificada de
auditoria sobre o julgamento e a tomada de decisão de investimento dos investidores não
institucionais brasileiros. Há um consenso para a sociedade em geral de que a auditoria
assegura os relatórios financeiros das companhias, bem como comunica a situação econômica
e patrimonial dessas organizações por meio do Relatório de Auditoria Independente (RAI) e,
dessa forma, fornece informações e subsídios para que os agentes econômicos tomem
decisões racionais com base nessa divulgação. Nesse sentido, ressalta-se a Teoria da
Confiança Inspirada, em que a atividade de auditoria por meio do RAI e da opinião de
auditoria atribui confiança e credibilidade às demonstrações financeiras das empresas (Aziz
& Omoteso, 2014). Os escândalos contábeis das últimas décadas, no entanto, provocaram
críticas em torno do conteúdo informacional do RAI. Por esse motivo, organismos
internacionais, como o IAASB, e nacionais, como a CFC, promoveram alterações
regulatórias que modificaram a estrutura do RAI, a fim de incrementar sua utilidade, dentre
as quais se destacam a NBC TA 700 (ISA 700) e a NBC TA 705 (ISA 705). Essas alterações
conferiram ainda mais foco à opinião do auditor, que foi deslocada do terceiro parágrafo para
o primeiro parágrafo do RAI (Prasad & Chand, 2017), conferindo-lhe primazia e fazendo
com que seus leitores estejam atentos quanto ao seu conteúdo (Cordo et al., 2020; Simnett &
Huggins, 2014). Ademais, observa-se, no Brasil, o crescimento da categoria de investidores
não institucionais em mercados de capitais nos últimos anos. Diante desse contexto foi
realizado um experimento com abordagem quantitativa, com desenho 2 x 1 entre
participantes (between-subjects) com manipulação (i) Opinião de Auditoria Sem Ressalva e
(ii) Opinião de Auditoria Com Ressalva, em que o participante realizou tomada de decisão de
investimento com base em cenário experimental hipotético. As técnicas de análise utilizadas
foram a estatística descritiva, Wilcoxon-Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e gráficos de efeitos
marginais, utilizando o software R para análise dos dados. Os resultados indicaram que a
opinião de auditoria com ressalva impactou negativamente a tomada de decisão dos
investidores não institucionais brasileiros, porém, não teve efeitos significativos sobre os
valores percentuais de investimentos. Em contrapartida, a análise de sensibilidade
demonstrou que a opinião de auditoria adversa e a abstenção de opinião de auditoria afetaram
tanto a tomada de decisão de investimentos quanto os valores percentuais dos investimentos.
Esses achados têm potencial de contribuição para investidores não institucionais, reguladores,
auditores e acadêmicos, visto que agrega conhecimento quanto à utilidade do RAI em seu
modelo vigente a partir de 2016.

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